Como pode um peixe vivo
sair da brancura cândida
e se deleitar no meu íntimo?
Como pôde ele penetrar meu eu,
meu seu, meu nós, meus nós?

Grito aos peixes “venham todos”
e dou-lhes as migalhas.
Dou não. Peço que as peguem.
Aqui dentro.

E se enfiando, me roçando,
procurando, encontrando
eles seguem.

Posso sentir e dou um grito.
Vem sua boca e abafa o apelo
“Venham todos”.

Orgasmo ao acaso

A ponta da manga da blusa

jeans que ninguém usa solta no ar
a mercê gravitacional

roça de leve o cabelo da cabeça

num movimento sexual

de ônibus lotado

no limite entre o real

e o outro estado.

Vai e vem.

Vai-e-vem.

Os longos e grossos

pêlos das costas

se ouriçam,

os dos olhos se tocam

fechando-o.

Um orgasmo ao acaso

é caso raro.

Esse é um blog coletivo pornô-erótico. Aqui seus autores deixam suas mentes fluirem por sobre o papel virtual e expõem toda doçura e selvageria do desejo, do sexo. Como bichos e deuses mostrando o lado mais demasiadamente humano da vida.